quarta-feira, 28 de maio de 2014

Minha bandana vermelha, minha bandeira de guerra (cançāo para Alex Street Gna), por Neres.




a neblina aparece, sombras caminham sem medo, é o frio que instala na pele, tenho o caminho tenho a rua meus passos são firmes lentos e notícias embrulham nossas rimas: não me assustam, cheguei até aqui, um passo no inferno, mas o frio acompanha, quem apanha? trago a fumaça do apocalipse, os quatro cavaleiros na minha pele. os vermes já tentaram furar minha mente, mas para eles eu mostro minhas correntes: minha lingua afiada, bebo a rua e as quebradas, livros carrego no sangue. traição lido com minha luta. meu corpo é um mapa, é sina, é ferro que não enverga. cicatrizes abertas não negam a luta a batalha. vamos somos a neblina, fumaça tribal, o aço o cromo nossas asas não quebram, o som o terror o jogo: as cartas estão na mesa, nos ossos guardo os mistérios, e uma carta sem endereço remetente, dormir doe os ossos. meus olhos o frio acompanha, vamos sem medo. o som o terror o jogo. vem na rima! aos guerreiros trago o meu sangue. ninguém vai destruir, ninguém. somos a neblina.


Escutem: http://paranarap.com.br/alex-street-gna-sempre-em-prol-do-gangsta-single/

Inédito: Macumbaria Poética - Arte ancestral: é diálogo ancestral, respeito na caminhada!

terça-feira, 27 de maio de 2014

Um pedaço de chuva no bolso, por Micheliny Verunschk.




Há um movimento sagrado nas palavras que se movimentam na escritura de Neres. Essa sacralidade, no entanto, não surge revestida num discurso reverente por si só, mas entrelaçada de cotidiano e do mistério próprio às coisas do cotidiano. Em Pedaço de chuva no bolso, imagens poderosas saltam das páginas e sacodem o leitor do lugar confortável (ou não) em que se assenta. Anjos portando seringas, janelas ácidas de luz, luas que se multiplicam, ruas arruinadas, advertem sobre o risco de epifania que a beleza perturbadora dessa poética pode acarretar. Poética híbrida e mestiça, abençoada por nosso pai Xangô, a letra, a voz e olhar de Neres voam longe e alto.


Micheliny Verunschk
Escritora.

terça-feira, 20 de maio de 2014

Cuando Neres encuentra la moneda Hans Schuster Escritor e poeta chileno).

Cuando Neres encuentra la moneda, la codicia deja entrever su autopsia de todos los días, y vienen las imágenes esclavistas galopando. Viene la macumba, y el Santerio, a tocar su desnudez. Viene un olor a injusticia desde el fondo y se chorrea la tarde en la sangre del parto; Viene la Macumba, y el Santerio, a tocar tu desnudez. Mientras el poeta Neres tira al aire esa moneda de “metal impuro”, al otro lado del mundo una mano como la tuya la atrapa. ¡Y viene la Macumba, el Santerio y tu desnudez! Sacude la cabeza al bamboleo de los pies: “En la moneda o el medallón, todos se van al mismo son; -se va tu alma, se va tu sol, se va la vidase va tu son-”.

Hans Schuster
Escritor e poeta chileno.

Um pedaço de chuva no bolso, (Editora Kazuá), por Antonio Alfeca (Andalucía, España).

A vida é uma bela luta, ou beleza lutada. E lembrada. Com a mestiçagem de padrões e formas que o caracterizam, Neres nos convida para a aventura de ficar entre os opostos: tempestade e sol, lama e árvores, desertos e correntes caudalosas. Vida e morte convivem; de fato, fazem parte da mesma essência. Uma aventura em que os elementos constituem evidências que vão curtindo a sensibilidade; que, por um lado, o fazem se sentir vivo (às vezes um sobrevivente), mas por outro é, de alguma forma, a consciência da finitude. E no meio de tudo isso e, talvez, depois de tudo, a memória: fonte inesgotável que devolve Pepe em todos os momentos à sua origem. 


Antonio Alfeca
Poeta, ficcionista, tradutor e editor. (Andalucía, España).

Zambi, falo das fábulas ((Paulo Sposati Ortiz para o livro: Um pedaço de chuva no bolso, de Neres pela Editora Kazuá)).

Zambi, falo das fábulas ((Paulo Sposati Ortiz para o livro: Um pedaço de chuva no bolso, de Neres pela Editora Kazuá)).

Mergulhe no bolso. A lâmina dos ponteiros desconfia, ao descer a longa rua, rumo à bola enterrada no parque: estaríamos enamorados pela manhã mutilada? Recolha os espelhos, beba o abismo sete vezes, mas na terceira, eu, lágrima pontiaguda. Enquanto o nome chama a voz, a terra espera outra estação, ela se chama vento, e destruir histórias é a nossa tarefa. Entre comigo nos ossos, com a sombra ao lado, sob a garganta da cicatriz.

Paulo Sposati Ortiz
Poeta e ativista cultural

segunda-feira, 19 de maio de 2014

ORALIDADES ETNO-POÉTICAS – PERFORMANCES DA VOZ. Participação do projeto Macumbaria Poética – Arte ancestral,

(Vamos lá?)

ORALIDADES ETNO-POÉTICAS – PERFORMANCES DA VOZ

Participação do projeto Macumbaria Poética – Arte ancestral, Ocupação e Oralização Xamânica, Sambada Poética – Grupo Maracagueto, Elzébio e convidados, além de aboios, repente, emboladas e recitação cordelista com Moreira de Acopiara e convidados. A partir das 18h, o palco será livre para leitura de poesias.

Classificação indicativa: Livre

DIADEMA 31 de Maio 19:00
Centro Cultural Vladimir Herzog e Biblioteca Paineiras *
Rua Eduardo de Matos, nº 159 – Jd Campanário

http://www.viradaculturalpaulista.org.br/artistas/oralidades-etno-poeticas-performances-da-voz/

sexta-feira, 9 de maio de 2014

Um pedaço de chuva no bolso, por Allyne Fiorentino

Para arrastar as mãos no rio do tempo, leito em que a vida e a morte se deitam juntas, é necessário regressar ao mitológico, mas “como segurar as palavras e pássaros líquidos com uma peneira do tamanho da vida?” Ora materializados com a prosa poética, ora permeados por um fio narrativo, estes textos convidam ao transbordamento, à virtualidade do espelho daquele que “elabora os gritos do caminho ausente”. Há muitas portas para adentrá-los e em todas elas há luz. 

Allyne Fiorentino (graduada em Letras e Mestra em Estudos Literários) para o livro “Um pedaço de chuva no bolso”, Editora Kazuá (2014).
Adquira: http://www.zungueira.com.br/um-pedaco-chuva-bolso-neres.html

quinta-feira, 8 de maio de 2014

MAGIAS DA PROSA POÉTICA, por Claudio Willer



Neres avança. De modo evidente, o autor deste Um pedaço de chuva no bolso é o mesmo de Pássaros de papel, Outros silêncios e Olhos de barro. Tem uma identidade definida. Mas, a cada novo livro sua poesia e prosa poética ganham ritmo, qualidade das imagens e originalidade. Sem deixar de relacionar- se com suas leituras, e com referências musicais e visuais – por exemplo, o “relógio sem nuvens”: aquele do quadro de Magritte tem nuvens – torna-se mais caracteristicamente pessoal. Apresenta uma espécie de realidade paralela, da qual registra cenas que são “o encontro com o que chamamos mundo”: não propriamente aquele sonho, mas do plano que o constitui, no qual subjetividade e objetividade alcançam uma síntese.

É daqueles que “encontram os deuses do sonho, imersos nos símbolos da terra”; os habitantes do mito poético. Cultor do paradoxo, cria imagens como “A carne precisa de luz” e títulos como “O sangue não tem portas” e “Um cálice de água”: entidade impossível, mas poeticamente poderosa. Promove sutis inversões da lógica, quebras da expectativa: “O tiro de um anjo sádico quebrou minhas asas”, por exemplo – o previsível seria o anjo levar o tiro e ter a asa quebrada ou a sinestesia de “um passo a mais, e visitaremos todas as vozes” – a expectativa seria visitar lugares, cenas, não vozes.

Desta vez, está mais presente o epigrama, o fragmento que realiza a sincronia hermética das partes e do todo. Metalinguístico em trechos como “A pausa que se termina e se inicia”, convida o leitor a exercer a imaginação, preenchendo espaços em branco, tudo o que sugere, deixa subentendido ou implícito. Certamente, segue por um caminho que o levará a ser amplamente reconhecido como um dos integrantes do melhor da literatura contemporânea brasileira.


Claudio Willer
poeta, tradutor e pesquisador. N.A.: Diversas publicações, na qual recomendo a leitura “Um obscuro encanto - gnose, gnosticismo e poesia moderna”, editora Civilizaçāo Brasileira, 2010.

quarta-feira, 7 de maio de 2014

UM PEDAÇO DE CHUVA NO BOLSO DO SACERDOTE, por José Inácio Vieira de Melo

UM PEDAÇO DE CHUVA NO BOLSO DO SACERDOTE
José Inácio Vieira de Melo



José Geraldo Neres é um orixá da poesia, um poeta de terreiro que, com sua flecha de anjo trágico, acende as asas da emoção. Nos olhos de barro de Neres outros silêncios se anunciam, prenhes de signos, para compor a sinfonia do acaso. Neste novo livro, Neres, sacerdote inominável que carrega um pedaço de chuva no bolso, segue por uma tempestade de metáforas, advindas de um longínquo abismo que abriga no peito. Alquimista do ABCDE, sopra dois dados no ar e nos mantêm suspensos na expectativa dos sonhos que brotam dos textos da sua escritura polifônica. Desde a estreia, com Pássaros de papel, Neres vem desenhando um outro Sol, com a sua macumbaria poética, em cada gesto e verso que compõe, realizando as núpcias das palavras estrangeiras, criando um código pessoal repleto de magia e de assombros. Aliás, a poética de José Geraldo Neres estende fronteiras, ao abarcar territórios desconhecidos, e sua criação prescinde de rótulos, é um fazer em si estendido ao outro, a derramar-se em possibilidades, em caminhos e encontros. Um poeta assim, tão cheio de vazios e de amplidões, só pode despertar florestas de arrepios.

Texto da contracapa do livro Um pedaço de chuva no bolso (Editora Kazuá, 2014)
http://jivmcavaleirodefogo.blogspot.com.br/2014/04/um-pedaco-de-chuva-no-bolso-do-sacerdote_284.html

terça-feira, 6 de maio de 2014

Lançamento do livro: "UM PEDAÇO DE CHUVA NO BOLSO", de NERES, pela Editora Kazuá. Acompanhado do grupo Percutindo Mundos. Café Teatro Rolidei, Santos..

Lançamento do livro: "UM PEDAÇO DE CHUVA NO BOLSO", de NERES, pela Editora Kazuá, e Performance “AS YÁBAS - RASCUNHOS NA ÁGUA DE OLHOS VERDES”, e “CARTOGRAFIAS DAS ÁGUAS” do projeto Macumbaria Poética - Arte ancestral. Acompanhado do grupo Percutindo Mundos.


· Quinta-Feira, 15 de maio, às 19:00, Projeto Outras Palavras, ONG TAMTAM, Café Teatro Rolidei. Av. Senador Pinheiro Machado, 48, 3º Piso, Vila Mathias, Santos.