segunda-feira, 17 de março de 2014

NERES, somente

Não faz muito; foi durante a gestação de sua quarta obra de poemas em prosa que José Geraldo Neres tornou-se, simplesmente, Neres. A nova grafia do nome literário homenageia os antepassados, mas reflete também a vontade de se aproximar da essência dos viveres, dos escritos e das criações, como ele mesmo explica: “provoco ao máximo o resgate da simplicidade que habita em cada corpo. Uso minha experiência para dialogar com a ancestralidade adormecida ou em repouso que manipula espelhos; como gosto das ações das letrinhas, tento até ao extremo trazer do abismo: narrativas. E, assim, vamos namorar palavras, e ter o gozo de acordar o pó, o barro, a fonte, tempestades e pestes poéticas”.

O atual diretor de Formação Literária da União Brasileira de Escritores (UBE) uniu-se aos profissionais da Editora Kazuá para ministrar, periodicamente, oficinas de desenvolvimento e criatividade de textos. O ensinar lhe proporciona a troca: “é sempre uma grata surpresa quando encontro um novo autor ou novo livro que possibilita o sequestro do meu corpo desta realidade: adoro ser devorado por livros e demais criações do saber humano. Entretanto, não consigo entender criação como isolamento, mas sim como diálogo mutante com nossa realidade (material importante e fundamental: a pulsar em cada alteração dos ponteiros do relógio)”. Os olhos dele brilham, então, porque identificam as almas siamesas: “não conheço fórmula ou ato magístico para tornar alguém poeta ou escritor. Trabalho com atos fatos ficções poéticas, apresento ferramentas para um ofício ou sacrifício: quem manuseia esses elementos é que terá/saberá o resultado”, relata Neres.

Assim como a ênfase ao próprio sobrenome, as pesquisas de Neres lhe conduzem aos passados – alguns recentes, outros longínquos -, que permanecem ecoando em seus presentes. Uma dessas pesquisas ganhou o nome de Macumbaria Poética, e busca na dança, na música, nas artes visuais e na literatura afro-brasileiras a ressignificação da tradição e do contemporâneo. “Alguns símbolos sempre perseguem minhas criações, mas sempre com uma proposta singular de ruptura provocativa”, ressalta.


sábado, 15 de março de 2014

Lançamento do livro: "UM PEDAÇO DE CHUVA NO BOLSO", de NERES, pela Editora Kazuá, e Performance “AS YÁBAS - RASCUNHOS NA ÁGUA DE OLHOS VERDES”, e “CARTOGRAFIAS DAS ÁGUAS” do projeto Macumbaria Poética - Arte ancestral: um diálogo com o universo magístico da cultura afroameríndia. Acompanhado pelo percussionista: ARAKA. Em homenagem a XANGÔ! KAÔ KABECILÊ!

Lançamento do livro: "UM PEDAÇO DE CHUVA NO BOLSO", de NERES, pela Editora Kazuá, e Performance “AS YÁBAS - RASCUNHOS NA ÁGUA DE OLHOS VERDES”, e “CARTOGRAFIAS DAS ÁGUAS” do projeto Macumbaria Poética - Arte ancestral: um diálogo com o universo magístico da cultura afroameríndia. Acompanhado pelo percussionista: ARAKA. Em homenagem a XANGÔ! KAÔ KABECILÊ!

ENCERRAMENTO: Sessão de Autógrafos.

Local: Casa da Palavra Mário Quintana - Santo André // Data: 20/03/2014 // Horário: a partir das 19h00 até 21h30.

“Um pedaço de chuva no bolso” é seu quarto livro, e o primeiro no qual assume o nome de família como sua assinatura litero-cultural. Um diálogo com o universo magístico da cultura afroameríndia: fusão do macro e microcosmo.

A tradição em conflito, rupturas com o cotidiano. Às vezes o fluxo se altera e o contemporâneo se desloca para o interior das raízes ancestrais a identificar sinais, símbolos míticos que nossa rotina cobriu com o véu do esquecimento, ou com o sétimo véu das danças árabes. Experimentação dos elementos naturais, influenciado pelas sete artes: no antigamente, era apenas “o sagrado corpo”. E pelo respeito aos Orixás, e entidades do panteão ameríndio. Demiurgia textual, sonora: caminhante. Retalhos de narrativas que nos circulam, nos alimentam, modificam, nos devoram. Mas é necessário caminhar.

***7***abaixo comentário:

Um pedaço de chuva no bolso, de Neres, inscreve-se sob o signo do Tempo, rio e casa, esquecimento e memória. Palavras e peixes nadam contra a corrente, a tentar captar o instante que se esvai. Essa questão maior expressa-se paradigmaticamente na adivinha africana que preside o sentido desta escrita: Como parar o vento? Seja em forma de poesia ou de prosa poética, a “escrita líquida” de Neres, como a chuva, escorrega, conduzindo o leitor por fragmentos, fios narrativos, teias líricas, sociotemas dramáticos, diários dispersos. O poeta “fia o tecido da vida” e “habita o abismo” que “ronda as sombras brancas do papel” para “construir o girassol”, com pedras de Xangô ou versos “que caminham sobre as águas” de Oxum e de Iemanjá. “Fazer existir-se no rio do tempo” resume esta obra de Neres, em que o poema é “um rosário líquido” composto de “pedra, páginas, línguas e vento”.
Simone Caputo Gomes, Universidade de São Paulo.

***7***
Trecho do prefácio de: “Um pedaço de chuva no bolso”

É daqueles que “encontram os deuses do sonho, imersos nos símbolos da terra”; os habitantes do mitopoético. Cultor do paradoxo, cria imagens como “A carne precisa de luz” e títulos como “O sangue não tem portas” e “Um cálice de água”: entidade impossível, mas poeticamente poderosa. Promove sutis inversões da lógica, quebras da expectativa: “O tiro de um anjo sádico quebrou minhas asas”, por exemplo – o previsível seria o anjo levar o tiro e ter a asa quebrada. Ou a sinestesia de “um passo a mais, e visitaremos todas as vozes” – a expectativa seria visitar lugares, cenas, não vozes.

Desta vez, está mais presente o epigrama, o fragmento que realiza a sincronia hermética das partes e do todo. Metalinguístico em trechos como “A pausa que se termina e se inicia”, convida o leitor a exercer a imaginação, preenchendo espaços em branco, tudo o que sugere, deixa subentendido ou implícito. Certamente, segue por um caminho que o levará a ser amplamente reconhecido como um dos integrantes do melhor da literatura contemporânea brasileira.
Claudio Willer. Poeta, tradutor e pesquisador.


***7***
NERES é um orixá da poesia, um poeta de terreiro que, com sua flecha de anjo trágico, acende as asas da emoção. Nos “olhos de barro” de Neres “outros silêncios” se anunciam, prenhes de signos, para compor a sinfonia do acaso. Neste novo livro, Neres, sacerdote inominável que carrega “um pedaço de chuva no bolso”, segue por uma tempestade de metáforas, advindas de um longínquo abismo que abriga no peito. Alquimista do ABCDE, sopra dois dados no ar e nos mantém suspensos na expectativa dos sonhos que brotam dos textos da sua escritura polifônica. Desde a estreia, com “Pássaros de papel”, Neres vem desenhando um outro Sol, com a sua “macumbaria poética”, em cada gesto e verso que compõe, realizando as núpcias das palavras estrangeiras, criando um código pessoal repleto de magia e de assombros. Aliás, a poética de Neres estende fronteiras, ao abarcar territórios desconhecidos, e sua criação prescinde de rótulos, é um “fazer em si” estendido ao outro, a derramar-se em possibilidades, em caminhos e encontros. Um poeta assim, tão cheio de vazios e de amplidões, só pode despertar florestas de arrepios.
José Inácio Vieira de Melo. Poeta, jornalista e produtor cultural, curador de eventos culturais.

***7***
Assinam o posfácio: Allyne Fiorentino, Antonio Alfeca, Hans Schuster, Paulo Sposati Ortiz, Micheliny Verunschk.

***7***

NERES: Poeta, ficcionista, produtor cultural, arte-educador, roteirista, compositor, e intérprete: arteiro. Simplesmente NERES, pai de Vinicius e Gabriela. Diretor de Formação Literária da UBE – União Brasileira de Escritores (2012/2014). Ministra oficinas literárias, com ênfase em criação literária e estímulo à leitura.

Atualmente desenvolve o projeto Macumbaria Poética - Arte ancestral: Mergulho na fonte sagrada afroameríndia. Saberes, Sabores & Aromas: ancestralidade. Fruto de pesquisas a dialogar no macrocosmo, e microcosmo da diversidade dos tecidos que somos (dança, música, artes plásticas, artes cênicas, cultura popular, literatura, culinária, estética, e outras: e que no antigamente era apenas “o corpo”). Estuda a viabilidade de gravar o primeiro CD autoral com base em repertório próprio (gravações em andamento).



***7*** https://www.facebook.com/events/609709705764765/


Editora Kazuá
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***7*** 
Casa da Palavra Mário Quintana
Pça. do Carmo, 171
Centro de Santo André - SP
Fone: (11) 4427.7701

sábado, 8 de março de 2014

Macumbaria Poética - Arte ancestral: respeito ao sagrado que nos habita.

depois de um silêncio de quase 40 anos, a ancestralidade me retornou um talento adormecido, agradeço a sagrado feminino que gerou a vida e sempre se renova, e nos faz caminhar. 

aqui a primeira gravura depois deste silêncio, e os traços não poderiam sere uma homenagem ao sagrado: Oyá!

faz parte do projeto: Macumbaria Poética - Arte ancestral: respeito ao sagrado que nos habita.
https://www.facebook.com/MacumbariaPoetica