Um pedaço de chuva no bolso, por Simone Caputo Gomes, Universidade de São Paulo.
Um pedaço de chuva no bolso, de Neres, inscreve-se sob o signo do Tempo, rio e casa, esquecimento e memória. Palavras e peixes nadam contra a corrente, a tentar captar o instante que se esvai. Essa questão maior expressa-se paradigmaticamente na adivinha africana que preside o sentido desta escrita: Como parar o vento? Seja em forma de poesia ou de prosa poética, a “escrita líquida” de Neres, como a chuva, escorrega, conduzindo o leitor por fragmentos, fios narrativos, teias líricas, sociotemas dramáticos, diários dispersos. O poeta “fia o tecido da vida” e “habita o abismo” que “ronda as sombras brancas do papel” para “construir o girassol”, com pedras de Xangô ou versos “que caminham sobre as águas” de Oxum e de Iemanjá. “Fazer existir-se no rio do tempo” resume esta obra de Neres, em que o poema é “um rosário líquido” composto de “pedra, páginas, línguas e vento”.
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