terça-feira, 27 de maio de 2014

Um pedaço de chuva no bolso, por Micheliny Verunschk.




Há um movimento sagrado nas palavras que se movimentam na escritura de Neres. Essa sacralidade, no entanto, não surge revestida num discurso reverente por si só, mas entrelaçada de cotidiano e do mistério próprio às coisas do cotidiano. Em Pedaço de chuva no bolso, imagens poderosas saltam das páginas e sacodem o leitor do lugar confortável (ou não) em que se assenta. Anjos portando seringas, janelas ácidas de luz, luas que se multiplicam, ruas arruinadas, advertem sobre o risco de epifania que a beleza perturbadora dessa poética pode acarretar. Poética híbrida e mestiça, abençoada por nosso pai Xangô, a letra, a voz e olhar de Neres voam longe e alto.


Micheliny Verunschk
Escritora.

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