EM NOME DA SEDE
sombras se agitam
a uivar para as nuvens de martelos assustados
olhos selvagens na floresta de sobrancelhas
se agarram ao suicídio das casas
na tentativa de descobrir o segredo da terra
elas
reclamam que não conseguem sonhar direito
se encolhem de frio
querem comprar mais uma alma
mas se sentem arrastadas pelo espelho
uma paisagem de olhar amassado de sono
na sensação de serem devoradas pela areia
de serem um rio afogado
sussurram
somos
o castigo na espera de passar pelas sete portas
o ventre despovoado de raízes
a noite fechada dentro do homem
a estrada no limite do corpo
a segunda língua de tudo que não existe
a palavra que ninguém responde
a insônia das águas em sangue doente
o passo lento das casas e suas pálpebras pesadas
do livro OUTROS SILÊNCIOS, de JOSÉ GERALDO NERES
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