quinta-feira, 17 de setembro de 2009

ABRO A PORTA

ABRO A PORTA
uma pedra retorcida
bate o tempo em segredo

a leveza não apaga a infância

janelas seminuas partem de mim
escrita no interior do rio

desce

na margem esquerda Oxum canta

tempo pintado na presença do avô
café poesia
círculos de silêncio
o vazio da retina
no tique-taque do menino

o poema em repouso não faz perguntas

– tem alguém batendo dentro do espelho –

chora a criança
caída no detalhes do medo

nenhuma voz me canta



josé geraldo neres
do livro; outros silêncios, escrituras editora, 2009.

3 comentários:

  1. na margem direita observo
    terrei meu corpo atirado ao rio
    como os natimortos

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  2. A infância não se apagará enquanto viver nestes versos.

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  3. É de muita felicidade
    termos alguém escrevendo
    boa poesia pru deleite
    dos leitores.

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