UM CORTE NO TEMPO
 
 
os telhados do mundo/mães
a escrita paira no ventre
minha janela de olhos de vinho
línguas línguas línguas
embriagam a cidade
 
lá está ela
e baixo os olhos quando vejo o
horizonte
 
sangue do meu sangue
respira por mim
– os olhos doem – 
mergulha
se lambuza
na chuva
e eu    ela
na chuva
os pelos em riste
chuva
 
esfrego o coração em algum dilúvio
 
línguas línguas línguas
 
pausa
 
o sol
de mãos postas
 
 
 
[inspirado no livro “visões do medo”, 
de beth brait alvim]
do livro OUTROS SILÊNCIOS, de JOSÉ GERALDO NERES
 
 
 
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